Na suavidade de meus pensamentos..

Um dia um garotinho me olhou e disse: "Ô tia, porque nós crianças demoramos tanto à ser gente grande?! Eu queria poder ter meus filhos, dirigir meu carro, ganhar meu proprio dinheiro pra comprar todos os brinquedos do mundo..." Eu com aquele ar de boa recordação infantil disse à ele: "É exatamente por isso que precisa-se de um certo tempo pra ser adulto. Você precisa primeiro aprender que chorar nem sempre representa tristeza, sorrir nem sempre representa felicidade, responsabilidade não é simplesmente cumprir o dever de casa e viver não é simplesmente dormir e despertar". Notei que aquela criança desejava algo mais, estava impaciente, talvez como a maioria dos que tinham a sua idade, aproximadamente 5 anos. Olhei novamente dentro de seus olhos e pedi pra que por uma semana notasse toda a rotina de seus pais, para que pudessemos falar um pouco sobre o tal tempo de ser gente grande...

Soube que durante essa semana, Kim, como era carinhosamente chamado por seus pais, pouco brincou observado tal rotina... Queria saber sobre o trabalho, as conversas, quanto tempo dormiam, com quem brincavam nas horas vagas e principalmente porque desligavam os celulares quando chegam em casa.

Pra não esquecer de nenhum detalhe, Kim anotou tudo, inclusive as refeições escolhidas. Ansioso pelo dialogo que teria comigo. No dia e hora marcada, Kim estava com seu caderno e os olhinhos brilhavam como se pudesse ultrapassar todas as fases que lhe esperavam. AO ver aquele lindo menino abrir seu caderno, sem que nada pudesse dizer antes, ele mesmo apontando para si disse: "Tia, eu não tenho que comer rápido para voltar ao escritório e nem tampouco sair sem a sobremesa, porque estão observado os maus funcionarios, para possivel redução nos quadros... EU não preciso mentir que sinto dores para ficar mais alguns minutos com meus filhos, porque se não for trabalhar para anima-los, talvez no dia seguinte faltará algo para eles e ainda tem mais, eu nunca desligo meu celular para não ser pertubado por pessoas chatas, pois além da minha familia só o André tem meu numero e ele é meu melhor amigo... Tia, você sabia que quando volto na escola, após fazer toda a tarefa, posso brincar até meus pais chegarem e eles sempre demoram"

Eu, ainda olhando para aquele pequeno ser, que demonstrou à mim sabedoria singular, o interrompi dizendo: "Meu amado, tudo na vida tem seu tempo. Há tempo de nascer, tempo de morrer... Todas as tuas fases guardam em si uma essencia peculiar, que não se repetem com o transcurso do tempo. Vale a pena viver cada fase ao seu tempo, vale a pena viver, vale a pena sonhar. O que não a pena, além de uma alma pequena, é sonhar enquanto os dias passam e se proibir de viver, para existir..." Ele, após copiar tudo quanto havia ouvido, rascunhando uma dedicatória disse orgulhosamente à mim: - É simples saber do que realmente importa, do que é válido, do que é legal na vida. Dificil é encontrar tempo, quando se quer dinheiro, encontrar sinceridade, quando não se é sincero, encontrar amigos quando a deslealdade quer reinar... E quando já ouvia a voz de seu colega André, que repidatemente o chamava para retomar o jogo do dia anterior, dissera, eu ainda não tenho uma gota de seus problemas, nem tampouco dos problemas de meus pais e prefiro assim.

Eu muito pensativa com tudo que concluira aquele menino tão infantil em seus passos, pensei em meus proprios dias, em minhas proprias vontades futuras e em meus proprios sonhos, percebi que eu também como aquele pequeno menino, pensava diuturnamente no que serei amanhã e assim deixarei de viver o meu HOJE!