SINTO ARREPENDIMENTO QUANDO NÃO APRENDO COM MEUS ERROS..


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Quem você pensa que é?

Ao iniciar o Curso de Direito, assim como os demais colegas, imaginava ser ainda que naquele primeiro momento uma autoridade extrema, afinal de contas estava cursando Direito. Recordo-me bem quando um dos mestres, em seu discurso de boas vindas, nos relatou: “Quando galgamos a carreira jurídica, nos deparamos com alguns entraves e fatos não admiráveis, sejam eles com pessoas, com fatos, ou mesmo com a lei” e prosseguia em suas sábias palavras, que a cada expressão nos enchia de força.
E em seu rico discurso ele seguia dizendo, que encontraríamos algumas autoridades no mundo jurídico com alguns vermes maléficos, o que denominavam em alguns pontos denominavam de “Juizite” outros de síndrome do KING OF THE KINGS (rei dos reis) e disse mais, em alguns casos poderá ser aguda. Naquele primeiro momento senti-me enojada e lembrei-me das palavras de Robert Kurz, “O poder torna as pessoas estúpidas e, muito poder, torna-as estupidíssimas” e talvez fosse essa a explicação. Mas com aquele discurso, o primeiro mestre que tínhamos contato enquanto acadêmicos não poderia generalizar em suas palavras, foi quando citou Millor Fernandes, em uma de suas célebres frases, “Toda regra tem sua exceção”, partindo dali, eu queria sê-la.

Mas, espere, inicialmente, ainda nos primeiros passos, os pensamentos estúpidos pairavam no ar de meus pensamentos também, não era como alguns dos dos contaminados pela dita verme que temos hoje, que pensam com convicção que são Deus e outros, com menos idade e experiência que tem absoluta certeza, isso mesmo que acabaste de ler, alguns tem em si a certeza de que são, o próprio Deus.

Com o transcurso do tempo, mais envolta pela realidade, já abandonando o surreal, percebi que os pensamentos insanos iniciais estavam corrompendo menos, até porque já não nos julgávamos superiores aos desembargadores e ministros, quando estávamos ainda no 5° Semestre, nos colocávamos em igual patente, já era um progresso. Mas, como temos ciência de que o tempo é o Senhor da razão, a cada semestre enquanto caiamos em nossa realidade percebíamos que nada éramos senão incansáveis lutadores e metódicos “buscadores” de conhecimento, isto porque existiam resquícios daquele pensamento primário.

E não pense você que o tempo parou, não. Hoje abandonamos o termo acadêmicos, já não nos consideramos os mais superiores dos homens da lei, ou até mesmo os fora da lei, não superiores não, nem tampouco iguais, talvez nos trataremos como colegas nos tribunais, talvez seguiremos carreiras políticas, mas pelos traumas vencidos e pelas palavras que ainda recriminávamos nos primeiros dias, ainda quando nada sabíamos, não seremos hipócritas, não seremos estúpidos, não seremos o motivo de escândalos.

Ainda que antes de qualquer coisa tenhamos feito um juramento, que talvez alguns tenham repetido sem qualquer entendimento, somos as mesmas pessoas de antes, com conhecimento técnico, com pensamento critico e principalmente com a memória do que tem nos envergonhado.

Enquanto escrevia parei em meus pensamentos e à mim fiz a seguinte indagação: E eu, quem eu penso que sou? Quem? E você quem tem certeza que é? Uma profissão, um cargo ou uma pessoa?

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