A primeira injustiça e o primeiro erro da massa

O povo, dele que emana todo o poder, segundo a Constituição Federal de 88. E não é contemporânea tal definição, não é atual e nem tampouco moderna. O poder que emana do povo é para o povo.

Remetendo-nos à dias atuais muito tem se falado em clamor publico, em leis, em justiça (ou injustiças).. E aí surge automaticamente em nosso frágil pensamento a vontade do povo, SOBERANA vontade do povo, exercida através de seu voto, seja ele depositado em urnas eleitorais ou em urnas de tribunais de júri.. O povo, sempre o povo...

E quando observo tal entusiasmo com ar de modernidade, vejo que os erros, tais quais as condutas, tem essência bíblica. Quem não se lembra do momento em que ninguém mais e nem menos que o próprio JESUS CRISTO, fora além de traído e negado por alguns de seus discípulos, amigos, aqueles mais chegados, os que lhes ouvia e lhes acompanhava por quase todo tempo entregue à crucificação, morte de cruz, sem que nada houvesse feito para que merecesse tal condenação.

Os governantes da época ao analisar suas feitas nada poderiam extrair de suas palavras, nem tampouco de seus atos, algo que fosse capaz de fundamentar sua condenação, foi assim com Herodes e de igual forma com Poncio Pilatos. Surge em nós a indignação com grito de revolta e um questionamento: “Porque então mataram Jesus, porque. O que fizera aquele homem, além de milagres e boa obra?” Sempre me questionei, sempre!

Hoje entendo que tudo quanto viveu aquele homem do qual temos aprendido diuturnamente com suas palavras e atos, foi para que tivéssemos como exemplo a força e garra, quando tivéssemos que passar por tudo o que vivera.

Lembro-me sempre de quando ouvia pelos mestres de doutrina cristã que o povo decidiu libertar Barrabás e crucificar Jesus, sob comando de um homem... Poncio Pilatos já sendo posto contra si mesmo, quase sendo massacrado por seus “servos”, perguntou ao POVO: “O que querem que eu faça?” Propôs tortura ao homem que nada fizera somente pela “sábia” vontade daquele POVO, completamente ciente de que qualquer ação reversa a libertação daquele homem, seria injustiça, indefinida injustiça.

Sem mais o que fazer, após torturar Jesus, Poncio no mais grotesco, sujo e aparentemente obvio questionamento, disse ao SOBERANO POVO: “Eis aqui, o ladrão Barrabás e Jesus Cristo, que nada fizera a ninguém. Decidam a quem devo libertar”.

Guiados por um líder forjado, imaturo, imundo, o SOBERANO POVO gritava; crucifiquem-no, libertem Barrabás, em outras palavras, eles em uma só voz diziam, condenem um inocente e dê a liberdade à um culpado.

Hoje se pararmos pra analisar fielmente a conduta de um POVO SOBERANO, nada difere do tempo em que Jesus Cristo vivera, o que outrora relatei. As pessoas ainda cometem grandes injustiças e prosseguem em conduzir-si por lideres oportunistas para os maiores erros.. A massa tem o poder de imensurável decisão, assim como de destruições, aqui talvez irreversíveis. A massa que nos trouxe até onde estamos, regados às nossas tolas insatisfações e indignações, só ela poderá nos conduzir à lugares melhores.E para tanto a dita massa, precisa de nós, de nossos acertos, de nossos costumes, de nossa conduta, de nosso Cristo.

A atual constituição, com teor representativo do povo, da massa, como outrora dito, ratifica fielmente o que no tempo de Cristo era a “lei”, a vontade soberana de um povo. Assim torna a sua atual liderança julgadora tal qual como Poncio Pilatos, que apesar de ter poder decisivo para condenar ou absorver qualquer Cristo ou Barrabás, tem somente homologado tais feitas, dando espaço ao POVO, tolo, injusto ou não.

Sem qualquer demagogia ou puritanismo, eu, um grão insigne desta massa, já pude ver muitos “Cristos” sendo condenados e muitos “Barrabás” absolvidos. Cabe a nós nesta esteira saber apontar quantos lideres forjados, com gritos desleais e injustos temos seguido e a estes sim, caberá a nossa força de repúdio.


Kelliany Costa Carvalho
Bacharel em Direito

e-mail: kellianycarvalho@hotmail.com